Um mestre da palavra que transformou o jornalismo brasileiro
Por Redação Dreams FM
José Roberto Guzzo, conhecido como J. R. Guzzo, que nos deixou aos 82 anos neste 2 de agosto de 2025, foi mais do que um jornalista: foi um editor visionário. Sua passagem como diretor de redação da revista VEJA, entre 1976 e 1991, marcou uma revolução no jornalismo brasileiro consolidando a revista como a maior do país e uma das mais influentes do mundo.
✒️ A transformação da VEJA
Guzzo assumiu a direção da revista aos 32 anos, numa época em que a publicação ainda buscava solidez editorial e financeira. Com ele no comando, a circulação saltou de cerca de 175 mil exemplares para quase 1 milhão, tornando-se uma das revistas semanais mais lidas do planeta, ao lado de Time, Newsweek e Der Spiegel.
“Nos textos da redação, se não dava para cortar 40%, é porque ainda estava mal escrito.”
– frase clássica de Guzzo, lembrada por colegas da Abril, que destacam seu estilo direto e rigoroso.
Sua capacidade de editar com precisão e profundidade, aliada a um estilo objetivo e culto, o tornou referência. Ele era conhecido internamente como "mão peluda" por transformar textos medianos em reportagens arrebatadoras, sem perder o pulso jornalístico.
📖 Artigos memoráveis
Embora sua principal marca tenha sido como editor, Guzzo também escreveu textos que refletiam sua visão crítica e irônica da realidade brasileira. Em sua coluna de 2019 na VEJA, ele escreveu:
“No Brasil, quem manda não é a lei — é o medo.”
(coluna censurada pela direção da revista à época, fato que culminou em sua saída)
Já em sua fase mais recente, no Estadão e na revista Oeste, Guzzo não suavizou seu tom:
“A Constituição virou um fetiche, e os ministros, sacerdotes de um templo que ninguém pode contrariar.”
(Oeste, 2021)
Essas colunas consolidaram Guzzo como um pensador conservador de linguagem sofisticada, que jamais abdicou da crítica frontal às estruturas de poder, fossem políticas, judiciais ou jornalísticas.
🗣️ Repercussão da morte
A morte de Guzzo provocou manifestações emocionadas no meio jornalístico, político e editorial. O jornalista Augusto Nunes escreveu:
“Guzzo era um colosso. Perdi um mestre e o jornalismo, sua última bússola.”
O ex-diretor da Abril, Roberto Civita, certa vez disse sobre ele:
“Se eu tivesse que confiar a VEJA a apenas um nome, esse nome seria Guzzo.”
A Associação Brasileira de Imprensa destacou que Guzzo “construiu pontes entre o jornalismo informativo e a reflexão profunda, mantendo sempre um compromisso com a clareza e a liberdade de pensamento”.
🏛️ Legado
Mais do que títulos e cargos, José Roberto Guzzo deixou uma escola de pensamento editorial. Formou gerações de jornalistas e influenciou o debate público com lucidez, coragem e uma obsessão pela qualidade do texto.
Num tempo em que a imprensa enfrenta desafios profundos, Guzzo nos lembra que a palavra bem escrita, quando guiada por princípios, pode ser mais poderosa que qualquer manchete.
Contribuições principais
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Diretor de redação da VEJA (1976–1991): consolidou a revista como a maior do país e uma das mais lidas do mundo.
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Transformação da revista Exame: elevou sua relevância e rentabilidade.
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Colunista de renome: colaborou com Estadão, VEJA, Oeste, Gazeta do Povo, Metrópoles, entre outros veículos.
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Fundador da revista Oeste: desempenhou papel central no posicionamento e voz editorial da publicação.
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