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Conmebol: a falência moral de uma entidade que assiste à barbárie no futebol sul-americano

Publicada em: 21/08/2025 11:36 -

O que aconteceu no Estádio Libertadores de América não pode ser tratado como um incidente isolado, fruto do acaso ou da rivalidade entre torcedores. O que vimos foi consequência direta de anos de descaso da Conmebol, uma entidade que se apresenta como guardiã do futebol sul-americano, mas que na prática revela uma falência moral e estrutural quando o tema é segurança.

A Conmebol gosta de se mostrar rígida: aplica multas milionárias, pune clubes por atraso de dois minutos na volta do intervalo ou por uso de sinalizadores, mas se mostra incapaz de garantir a integridade de jogadores e torcedores. O saldo desse vazio administrativo não poderia ser mais trágico: um estádio em guerra, famílias em pânico, uma criança de 3 anos morta. Uma vida perdida porque a entidade prefere contabilizar dólares em vez de assumir responsabilidades.

E o mais revoltante é que não foi a primeira vez. Basta lembrar o episódio deste ano na fase de grupos da Copa Libertadores, em Santiago, no jogo Colo-Colo x Fortaleza. Aos 25 minutos do segundo tempo, com o jogo empatado em 0 a 0, torcedores chilenos invadiram o campo após quebrarem o alambrado do Monumental David Arellano. A partida ficou paralisada por mais de uma hora. Antes disso, nos arredores do estádio, dois torcedores do Colo-Colo morreram atropelados por um veículo policial. A tragédia fora do campo alimentou a ira dentro dele. A principal organizada do clube, a La Garra Blanca, chegou a usar as redes sociais para justificar a invasão como um ato de “vingança”. A frase cruel resumia o tamanho da falência: “Duas vidas valem mais do que três pontos.”

Qual foi a resposta da Conmebol? Multa. Sempre a multa. Nenhuma ação estrutural, nenhum esforço real para mudar protocolos de segurança, nenhuma reflexão séria sobre o papel da entidade. Apenas a mesma ladainha burocrática que se repete há anos. Enquanto isso, as tragédias se acumulam.

Dois dos maiores torneios de clubes do continente, Libertadores e Sul-Americana, estão sob a tutela de pessoas pequenas, que se preocupam mais com a estética do espetáculo do que com a proteção de quem dá sentido ao espetáculo: o torcedor. Quando a violência explode, a entidade finge indignação, mas sua resposta se resume a relatórios, notas protocolares e multas que não salvam vidas.

A Conmebol falhou com o Fortaleza no Chile, falhou com a Universidad de Chile na Argentina, e falhou com toda a América do Sul quando uma criança morreu em meio ao caos em Avellaneda. Essa não é apenas uma falha administrativa, mas uma falência moral. Enquanto dirigentes se escondem atrás de cifras e discursos vazios, o futebol sul-americano sangra dentro e fora dos estádios.

É preciso dizer sem medo: ou a Conmebol muda radicalmente, ou continuará sendo cúmplice das atrocidades que mancham nosso futebol. E, no ritmo em que as coisas andam, a próxima tragédia já está marcada no calendário.

🎶 Dreams FM – Em respeito a vida!

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