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Operação Ícaro — Ultrafarma e a rota da propina

Publicada em: 12/08/2025 11:26 - Notícias

Na manhã de 12 de agosto de 2025, o Ministério Público de São Paulo – por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC), deflagrou a Operação Ícaro, que culminou na prisão temporária do empresário Sidney Oliveira, proprietário da rede de farmácias Ultrafarma, do diretor estatutário da Fast Shop e de um auditor fiscal estadual.

A investigação revelou que o auditor, lotado na Secretaria da Fazenda de SP, teria beneficiado empresas em processos administrativos de quitação de créditos tributários. Em troca, recebia propinas que superaram R$ 1 bilhão, usando empresas de fachada no nome da mãe para movimentar os valores.

A ação contou com mandados de prisão, busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados, com apoio da Polícia Militar. O MP-SP apura crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

“Não se trata de um ato isolado, mas de uma estrutura criminosa bem consolidada que operava há anos com a finalidade de gerar benefícios fiscais ilícitos para grandes empresas”, afirmou o promotor responsável pelo caso.

O advogado de Sidney Oliveira afirmou em nota que “o empresário está colaborando com as autoridades e confia que todos os esclarecimentos serão feitos na esfera judicial”.

Impacto: O caso gerou repercussão imediata no mercado, especialmente entre fornecedores e parceiros da Ultrafarma. Analistas destacam que, além do dano à imagem, a rede pode enfrentar bloqueios judiciais que comprometam seu fluxo de caixa.


Operação Disclosure — O colapso bilionário das Americanas

O escândalo da Americanas veio à tona em janeiro de 2023, quando a empresa revelou inconsistências contábeis de cerca de R$ 40 bilhões. Meses de apuração indicaram uma fraude sofisticada, envolvendo operações de risco sacado não registradas, contratos fictícios de verba de propaganda cooperada (VPC) e documentos forjados para enganar o mercado e investidores.

Em 27 de junho de 2024, a Polícia Federal, com apoio do MPF e da CVM, deflagrou a Operação Disclosure. Foram emitidos mandados de prisão preventiva contra o ex-CEO Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Saicali, além de 15 buscas e apreensões e sequestro de bens de mais de R$ 500 milhões.

“Trata-se de uma das maiores fraudes corporativas já registradas no Brasil, com prejuízos não apenas a credores, mas a milhares de pequenos investidores e à credibilidade do mercado de capitais”, declarou um delegado da Polícia Federal.

O MPF denunciou 13 ex-executivos por organização criminosa, manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e falsidade documental. Gutierrez foi preso na Espanha e solto após audiência de custódia; Saicali se entregou em Lisboa e retornou ao Brasil, com passaporte retido.

Impacto: A Americanas entrou em recuperação judicial e viu suas ações despencarem mais de 90% no período, afetando fornecedores, investidores e fundos de pensão. O caso desencadeou debates sobre fiscalização e governança no mercado brasileiro.

Comparativo: Semelhanças e diferenças

Aspecto Operação Ícaro (Ultrafarma) Operação Disclosure (Americanas)
Natureza da irregularidade Corrupção com agente público (auditor fiscal) Fraude contábil corporativa interna
Escala financeira > R$ 1 bilhão em propina ~ R$ 25–40 bilhões em fraudes contábeis
Mecanismo principal Facilitação fiscal em troca de propina Omissão de dívidas; contratos fictícios; documentos falsos
Envolvidos Empresário, auditor fiscal e executivo de outra empresa Altos executivos da própria empresa
Medidas legais Prisões temporárias, buscas, apreensões Prisões preventivas, sequestro de bens, CPI no Congresso
Crimes investigados Corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro Manipulação de mercado, insider trading, falsidade documental

Análise final

Apesar das diferenças na execução e no foco, corrupção estatal no caso Ultrafarma e fraude contábil interna no caso Americanas, ambos revelam estruturas sofisticadas e de longa duração, operando com vultosos recursos e causando danos sistêmicos.

Os dois casos evidenciam:

  • A fragilidade da fiscalização: no setor público, por brechas e corrupção; no privado, por falhas e conivência na governança.

  • O impacto econômico generalizado: fornecedores, funcionários, acionistas e a confiança pública são duramente atingidos.

  • A necessidade de reformas estruturais: mecanismos de compliance mais eficazes, fortalecimento das auditorias independentes e maior transparência nos processos fiscais e contábeis.

 

Como apontou um especialista ouvido pela reportagem: “Não importa se o crime nasce no setor público ou privado, no fim, o prejuízo recai sobre a sociedade. E casos como esses mostram que a impunidade não pode ser a regra.”

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