Nos becos da São Paulo efervescente dos anos 80, enquanto o punk explodia nas ruas e nos corações inquietos da juventude brasileira, nascia uma das bandas mais emblemáticas da história do nosso rock: IRA!.
Mais do que um nome inspirado no Exército Republicano Irlandês, o Ira! foi, e é um grito, uma revolta, uma poesia urbana que traduz como poucas os altos e baixos da alma paulistana e da geração que enfrentava um país em transformação.
Tudo começou nos corredores do colégio Brasílio Machado, onde Edgard Scandurra e Nasi, dois garotos com estilo marcante e olhares curiosos, cruzaram caminhos. Não sabiam ainda, mas dali surgiria uma parceria que marcaria para sempre a música brasileira. Edgard, com sua guitarra visceral, já se aventurava em projetos como a banda Subúrbio, e foi nela que convidou Nasi para sua primeira experiência musical.
Em 1981, nasceu o IRA, sem ponto de exclamação ainda, e a história começou a ser escrita com suor, riffs poderosos e muita atitude. O ponto de exclamação veio depois, para evitar confusões e afirmar com ainda mais força: Estamos aqui!.
Nos primeiros anos, a banda se moldava em meio às turbulências do underground. Quando o produtor Pena Schmidt os descobriu, o IRA! ganhou sua chance com a Warner, lançando o compacto “Gritos na Multidão” e “Pobre Paulista”. A paulada sonora ganhou espaço, e logo viriam os LPs que eternizariam o grupo no coração dos fãs.
“Mudança de Comportamento” (1985) e “Vivendo e Não Aprendendo” (1986) trouxeram hinos como “Núcleo Base”, “Envelheço na Cidade” e a inesquecível “Flores em Você”. A banda estava em todos os lugares, nas rádios, nas ruas, nos palcos lotados. Era o auge.
🎶 Flores em Você: do rock à TV brasileira 🌹
A música "Flores em Você", um dos maiores sucessos do IRA!, atravessou as barreiras do rock nacional e chegou à casa de milhões de brasileiros ao se tornar tema de abertura da novela "O Outro", exibida pela TV Globo em 1987. Com sua melodia marcante e letra carregada de intensidade, a faixa ganhou destaque no horário nobre e ajudou a eternizar o segundo álbum da banda, "Vivendo e Não Aprendendo" um divisor de águas na carreira do grupo.
Mas essa não foi a única vez que o som do IRA! invadiu as trilhas da televisão. A poderosa "Dias de Luta" também brilhou na trilha da novela "Vereda Tropical", levando ainda mais longe a voz e a fúria da banda que sempre soube traduzir o espírito urbano, inquieto e apaixonado da juventude brasileira.
Essas músicas não apenas marcaram gerações, mas ajudaram a consolidar o IRA! como patrimônio do rock brasileiro, uma banda que ecoa, emociona e continua viva em cada acorde.
Mas nem tudo foi linear. Em 1988, o experimental “Psicoacústica” surpreendeu com ousadia e misturas inesperadas, incluindo rap, psicodelia e reflexões sociais. O IRA! mostrava que não tinha medo de arriscar.
Nos anos 90, vieram mudanças, desafios, discos como “Clandestino”, “Meninos da Rua Paulo”, “Música Calma para Pessoas Nervosas” e “7”. Nasi mergulhava no blues com os Irmãos do Blues. Edgard se multiplicava em projetos paralelos, mostrando a versatilidade de sua arte.
Já nos anos 2000, a consagração: em 2001, o IRA! se apresentou no Rock in Rio III, dividindo o palco com o Ultraje a Rigor, para um público impressionante de 250 mil pessoas. Um momento histórico, que marcou uma geração e consagrou a banda como uma das maiores do Brasil. No mesmo período, lançaram o memorável MTV ao Vivo, gravado no Memorial da América Latina, celebrando 20 anos de estrada com garra e rock no volume máximo.
Em 2004, veio o épico Acústico MTV, que trouxe faixas inéditas e participações de Pitty, Samuel Rosa e Os Paralamas do Sucesso, reacendendo a chama do sucesso.
Mas a intensidade também trouxe rupturas: em 2007, após brigas internas, Nasi deixou a banda. O silêncio parecia definitivo. Cada integrante seguiu em projetos próprios, mas a energia do Ira! ainda pairava no ar.
Até que, em 2013, Nasi e Edgard se reencontraram num show beneficente. A emoção foi tanta que o retorno aos palcos aconteceu logo no ano seguinte, com nova formação e a mesma paixão de sempre. O show oficial de retorno aconteceu na abertura da 10ª Virada Cultural, em frente à Estação da Luz, em São Paulo, com milhares de vozes cantando cada verso como se fosse a primeira vez.
A banda seguiu forte: turnê Núcleo Base, show no Palco Sunset do Rock in Rio VI (2015) ao lado de Tony Tornado e Rappin’ Hood, homenageando Tim Maia, e a turnê intimista Ira! Folk, que virou DVD.
Em 2020, lançaram o disco “IRA”, com músicas inéditas como “O Amor Também Faz Errar” e “Mulheres à Frente da Tropa”, provando que continuam relevantes, pulsantes e criativos.
🎤 Nasi — a voz rasgada e poderosa que canta nossas dores e revoltas.
🎸 Edgard Scandurra — a guitarra que moldou a identidade sonora de uma geração.
🥁 Evaristo Pádua, Johnny Boy e Daniel Scandurra — a nova força que mantém o motor da banda pulsando com a alma do passado e o vigor do presente.
🔥 IRA!: ainda no palco. Ainda na alma. Ainda no coração do rock brasileiro. 🔥
De “Pobre Paulista” a “Dias de Luta”, eles seguem mostrando que envelhecer na cidade pode ser sinônimo de resistir com dignidade e música.
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