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Estado de guerra no Rio: após falas de Lula sobre traficantes, governo federal nega apoio e população sofre as consequências

Publicada em: 28/10/2025 15:59 -

O Rio de Janeiro vive um cenário de guerra urbana. A megaoperação contra o Comando Vermelho (CV), deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte, já deixou ao menos 60 mortos, incluindo quatro policiais, e 81 presos.

A ação, parte da Operação Contenção, foi planejada pelo governo estadual para conter o avanço da facção por territórios fluminenses, mas ocorreu sem apoio do governo federal, mesmo após pedido oficial de ajuda.

Logo no início da madrugada, quando as forças de segurança chegaram às comunidades, traficantes reagiram a tiros, ergueram barricadas em chamas e bloquearam vias. Um vídeo gravado no local mostra quase 200 disparos em apenas um minuto, em meio a colunas de fumaça e intenso tiroteio.
Entre os mortos estão dois policiais civis e dois militares, entre eles Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, conhecido como Máskara, e Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP. Também morreram Cleiton Searafim Gonçalves e Herbert, ambos do BOPE.

Entre os presos, estão Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, apontado como um dos chefes do CV na região, e Nicolas Fernandes Soares, operador financeiro ligado ao alto comando da facção, chefiado por Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.
O Ministério Público denunciou 67 pessoas por associação para o tráfico, além de três por tortura. Segundo o Gaeco/MPRJ, o Complexo da Penha se tornou um dos principais centros de expansão do Comando Vermelho, com forte estrutura de comando e controle.

Reação violenta e impacto na cidade

Em retaliação, o tráfico organizou bloqueios simultâneos em importantes vias da capital fluminense — como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier.


Devido à escalada de violência, o Centro de Operações e Resiliência (COR) elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, e a Polícia Militar suspendeu todas as atividades administrativas para colocar o efetivo integral nas ruas.

A crise afetou diretamente a população. 28 escolas no Complexo do Alemão e 17 na Penha não abriram nesta terça-feira, e 12 linhas de ônibus tiveram seus trajetos alterados para garantir a segurança de passageiros e motoristas.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco unidades básicas suspenderam o atendimento.

“Vivemos um estado de guerra”, diz secretário

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, destacou que toda a operação foi planejada com antecedência e executada apenas com recursos do estado.

“Toda essa logística é do próprio Rio. São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência — e que vai continuar”, afirmou.

Santos lembrou que cerca de 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas e reforçou que a ausência de cooperação federal fragiliza as estratégias de segurança pública.

“Sozinho, o Estado não consegue enfrentar o tamanho da violência que domina essas regiões”, completou.

Crítica política e cobrança de ação federal

A operação ocorre poucos dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que traficantes e o crime organizado também seriam “vítimas da sociedade”, uma fala que gerou forte repercussão negativa entre agentes de segurança e parte da população.
Diante da negação de apoio federal ao Rio, o contraste entre o discurso presidencial e a realidade das ruas reacende o debate sobre o papel do governo central no combate ao crime organizado.

Enquanto as forças policiais arriscam a vida para garantir a segurança da população, a omissão federal e a politização da violência colocam os cidadãos no centro do fogo cruzado.
Quem paga a conta, mais uma vez, é o cidadão de bem, que perde o direito de viver em paz, de estudar, de trabalhar e de circular com segurança.

Resumo da operação

 

  • Mortos: 60 (4 policiais, 56 criminosos)

  • Presos: 81

  • Investigação: 1 ano de apuração da DRE e do Gaeco/MPRJ

  • Lideranças presas: Belão do Quitungo e Nicolas Fernandes Soares

  • Infraestrutura: helicópteros, blindados e veículos de demolição

  • Afetados: 280 mil moradores, 45 escolas e 12 linhas de ônibus

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