Depois de incendiar palcos na Chile, Argentina, Colômbia e Peru, o Guns N’ Roses desembarcou no Brasil para uma série de cinco apresentações que prometem ficar marcadas na memória dos fãs. A turnê “Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things” marca o retorno da banda após três anos longe dos palcos brasileiros, com shows em Florianópolis (21/10), São Paulo (25/10), Curitiba (28/10), Cuiabá (31/10) e Brasília (02/11), todos com abertura dos Raimundos.
Por Paulinho Cunha – Dreams FM. Música, informação e atitude.
Na noite de terça-feira (21), cerca de 28 mil pessoas enfrentaram uma chuva fina na Arena Opus, em Florianópolis, para assistir ao primeiro show da nova turnê no país. E o que se viu foi uma mistura de energia, nostalgia e entrega total ao rock.
O show começou por volta das 21h20, com os primeiros acordes de “Welcome to the Jungle” ecoando pelo estádio e o público explodindo em euforia. Axl Rose, com seu jeito irreverente inconfundível, mostrou vigor e presença de palco, ainda que sua voz, marcada pelo tempo, apresentasse algumas limitações. Slash e Duff McKagan conduziram o instrumental com a maestria de sempre, agora acompanhados de Isaac Carpenter na bateria, além de Richard Fortus, Dizzy Reed e Melissa Reese, que completam a formação.
O repertório variou entre sucessos consagrados e raridades. Clássicos como “Sweet Child O’ Mine”, “November Rain”, “Nightrain”, “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone” provocaram coros ensurdecedores, enquanto as inéditas “Perhaps” e “The General” surpreenderam os fãs brasileiros. Os covers de “Knockin’ on Heaven’s Door” (Bob Dylan) e “Live and Let Die” (Wings) mantiveram a tradição da banda de revisitar suas influências.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a homenagem a Ozzy Osbourne, falecido em julho deste ano. Axl conduziu o público em um coro de “Ozzy! Ozzy!” e dedicou uma poderosa versão de “Sabbath Bloody Sabbath”, do Black Sabbath, ao lendário vocalista.
Mesmo nos momentos em que o público diminuiu o ritmo em faixas menos conhecidas, a química entre os músicos e o amor pelo rock mantiveram o clima em alta. O baixista Duff McKagan também teve seu espaço, assumindo os vocais em “I Wanna Be Your Dog”, do The Stooges, após cumprimentar os fãs com um divertido “Buenas noches, motherfuckers! Obrigado!”.
O ápice veio no final, com “Sweet Child O’ Mine” e “Paradise City”, quando a Arena se transformou em um mar de vozes e luzes. Foi o encerramento perfeito de uma noite em que o Guns N’ Roses mostrou que o tempo pode passar, mas o espírito do rock continua inabalável.
Entre os fãs, a emoção era visível. Gustavo, 50 anos, resumiu o sentimento coletivo:
“Embora a voz do Axl não seja a mesma, estou muito feliz em poder assistir ao show deles pela primeira vez. O Guns revolucionou o Hard Rock, fez parte da minha adolescência e de milhões de pessoas. Até hoje, o solo de Welcome to the Jungle arrepia.”
A importância do Guns N’ Roses no rock mundial
O Guns N’ Roses não é apenas uma banda, é um símbolo cultural de rebeldia, intensidade e autenticidade. Formado em Los Angeles, o grupo redefiniu o hard rock dos anos 80, mesclando atitude punk, peso metálico e melodias que atravessaram gerações.
Com o lendário álbum “Appetite for Destruction” (1987), o disco de estreia mais vendido da história dos EUA, certificado como diamante, o Guns consolidou seu lugar entre os maiores de todos os tempos. A obra ainda figura entre os 11 álbuns mais vendidos da história americana, com clássicos como Paradise City, Welcome to the Jungle e Sweet Child O’ Mine.
Em 1991, o grupo voltou a revolucionar o rock ao lançar simultaneamente os álbuns “Use Your Illusion I” e “Use Your Illusion II”, ambos multi-platina, dominando as duas primeiras posições da Billboard 200.
A banda soma mais de 100 milhões de discos vendidos, e sua turnê “Not In This Lifetime” (2016–2019) ficou entre as quatro mais lucrativas de todos os tempos, reafirmando o poder de uma formação que, mesmo com o passar das décadas, continua a inspirar músicos e fãs ao redor do mundo.
Hoje, com Axl Rose, Slash e Duff McKagan novamente dividindo o palco, o Guns N’ Roses segue como um dos últimos gigantes do rock clássico em plena atividade. E, a cada show, prova que o mito pode envelhecer, mas jamais perde o fogo que o criou.
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