O Real Madrid, maior símbolo do futebol associativo no mundo, está prestes a dar um passo histórico: abrir sua estrutura para investidores externos. Uma decisão que quebra paradigmas e confirma o que muitos ainda se recusam a enxergar no futebol moderno, tradição sem capital e agilidade não basta para competir no topo.
Florentino Pérez, presidente do clube, compreendeu que o modelo clássico, centrado exclusivamente nos sócios-proprietários, enfrenta limitações frente aos rivais que operam como clubes-empresa, com acesso direto a capital bilionário. Mesmo com receitas recordes de mais de €1,1 bilhão no exercício 2024/25, o Real percebeu que precisa de governança mais ágil, investimento estratégico e flexibilidade empresarial para permanecer competitivo globalmente.
O plano envolve a criação de uma estrutura híbrida, separando o clube em duas entidades: uma dedicada às operações esportivas, que permaneceria sob controle dos sócios, e outra voltada aos ativos comerciais, direitos de transmissão, estádio, merchandising e entretenimento, que poderia receber investimentos externos. Consultorias e bancos de investimento, como J.P. Morgan, acompanham o projeto, garantindo que a entrada de capital ocorra de forma organizada e estratégica.
Essa mudança não significa “vender a alma” do Real Madrid. Pelo contrário, trata-se de garantir a sobrevivência do clube no cenário atual, em que o futebol se globalizou, tornou-se altamente competitivo e movido por números bilionários. A tradição, embora simbólica, não cabe mais sozinha no topo do esporte.
Florentino Pérez sinaliza uma transformação histórica: o Real Madrid pode se tornar o primeiro clube associativo do mundo a adotar um modelo híbrido, preservando sua essência e identidade, mas adaptando-se à realidade econômica e esportiva do século XXI. Um movimento que redefine a gestão do clube e alerta todos os clubes tradicionais que ainda resistem à modernização: tradição, sem inovação, não garante vitórias nem sustentabilidade.
O que ainda não está definido
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Aprovação formal: ainda não há decisão dos sócios sobre a mudança estrutural nem sobre o modelo exato de entrada de investidores (percentual, tipo de ações, direitos de voto). (Tribuna)
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Aspectos legais e fiscais: a transformação exige alterações no estatuto, modelo societário e pode enfrentar obstáculos na lei espanhola para clubes-sócio. (Managing Madrid)
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Controle dos sócios: mesmo que o capital externo seja aprovado, Pérez afirma que “o clube continuará a pertencer aos sócios”. (Football Transfers)
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Calendário e montante: não está definido quando a proposta será votada, o montante de capital externo ou a participação dos sócios; fala-se em assembleia possivelmente em novembro de 2025.
"No futebol do século XXI, quem se apega apenas à tradição corre o risco de ficar para trás! Inovar deixou de ser opção e se tornou regra." - Paulinho Cunha