Ontem, no MorumBis, a paciência do torcedor tricolor chegou ao limite. Antes da partida contra o Ceará, um protesto organizado tomou as portas do estádio, e os principais alvos foram justamente aqueles que comandam o clube nos bastidores: o presidente Júlio Casares, o diretor de futebol Carlos Belmonte, os diretores adjuntos Fernando Chapecó e Nelson Ferreira, o executivo Rui Costa, o preparador físico Pedro Campos e o coordenador médico José Sanchez.
Por Paulinho Cunha - Dreams FM / Crédito Imagem: @deeh_fotografia13

Faixas escancararam o sentimento de revolta: “Belmonte, Chapecó e Nelson: os três patetas”, “Temos o pior DM, não recupera ninguém” e “Dívidas aumentando, receitas diminuindo”. O ato foi simbólico e pesado: caixões com as imagens de Casares e Belmonte foram colocados diante do estádio, acompanhados de pedidos claros de renúncia (os caixões não são pra sugerir a morte de alguém, e sim a representação da falência/morte moral dos responsáveis pela atual situação). A torcida exigiu o fim de cargos políticos no futebol, mais transparência nas contas, auditoria externa independente, voto direto para sócios nas eleições presidenciais, modernização do CT da Barra Funda e a saída dos conselheiros que só ocupam cadeira sem entregar resultados.

Um dos líderes da Independente, Henrique Gomes, o Baby, resumiu bem o clima: “Se depender de nossa torcida, a gente tá fodido.” A frase reflete a falta de adesão ao protesto, seja por cansaço, descrença, falta de empatia com a organizada, ou simplesmente por estar saturado dos mesmos erros que se repetem há anos. Mas não se engane: o torcedor comum, organizado ou não, já não suporta mais ver o clube sendo dilapidado pelos mesmos personagens que se revezam no poder, sempre defendendo interesses próprios.

Muda-se a fachada, mas os bastidores seguem apodrecidos. Quando a crise aperta, recorrem a paliativos para distrair a torcida, como a contratação de Oscar, que até agora não conseguiu jogar. É a velha tática de apagar incêndio com cortina de fumaça.
Poucos minutos após o fim do protesto, Casares tentou minimizar o desgaste com uma nota nas redes sociais, pedindo desculpas e falando em “recuperação financeira” e “reconstrução”. Mas o discurso soa vazio diante de uma gestão que coleciona promessas não cumpridas. O São Paulo sangra dentro e fora de campo, e a torcida já percebeu: sem ruptura real com esse sistema viciado, nada vai mudar.
Veja a nota de Julio Casares na íntegra
Caros torcedores,
Primeiro, quero me desculpar com cada um de vocês pelas frustrações e dores que uma eliminação, ou mesmo uma derrota em qualquer situação, causa em cada um dos mais de 20 milhões de tricolores espalhados pelo mundo. Como todos sabem, vivemos um período de sacrifícios para implantar uma reestruturação financeira e deixarmos o Tricolor mais saudável economicamente. Este é um processo difícil, mas absolutamente necessário para o Clube. Neste percurso, vamos enfrentar diversos obstáculos e frustrações consequentes desta caminhada vital para o futuro do São Paulo.
Nosso time seguirá competindo com toda nossa força, mas sabemos de todas as dificuldades. Por isso, todas as manifestações neste momento são válidas e importantes. Desde que com civilidade, todos têm direito de expor a sua opinião e as críticas construtivas nos ajudam na hora de encontrarmos o caminho correto, que quase nunca é o mais simples.
Além disso, futebol é momento, e é claro que o torcedor está chateado com a eliminação. Estou certo, porém, que nosso elenco e a comissão técnica estão imbuídos para nos mantermos competitivos e vou me dedicar integralmente para ajudá-los a alcançarmos nossos objetivos. Este é um período delicado de nossa história, mas que iremos superar com muito trabalho. Não há caminho fácil ou rápido, mas há a certeza que do outro lado dessa travessia o São Paulo sairá mais forte.

