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Abel Ferreira: O Peso Do Sucesso, Os Desafios Do Presente E O Futuro Em Xeque

Publicada em: 07/08/2025 15:34 - Futebol

Desde que chegou ao Palmeiras em 2020, Abel Ferreira construiu uma das trajetórias mais vitoriosas da história recente do futebol brasileiro. Comandando um clube que vivia um novo momento de reestruturação, o técnico português rapidamente se tornou símbolo de uma era vencedora.

Por Paulinho Cunha – Dreams FM

Seus feitos falam por si. Abel não só conquistou troféus, como também quebrou recordes, impôs um padrão tático reconhecido e, acima de tudo, devolveu ao torcedor palmeirense o orgulho de pertencer a um clube que voltou a ditar o ritmo do futebol nacional. Como poucos, entendeu a alma do Palmeiras e, com intensidade e dedicação, tornou-se “mais palmeirense” a cada entrevista coletiva.

No entanto, o sucesso tem seu preço e Abel parece saber disso. Após a recente eliminação nas oitavas de final da Copa do Brasil, justamente diante do maior rival, Corinthians, no Allianz Parque, o técnico demonstrou frustração e emoção. Reconheceu os xingamentos da torcida, afirmou não ter ironizado e, num gesto raro no futebol moderno, assumiu o peso da cobrança. Disse entender a dor dos torcedores e, com um discurso emotivo, pediu apoio. Mostrou-se humano, vulnerável, algo que poucos técnicos bem-sucedidos se permitem demonstrar.

Ainda assim, sua postura à beira do gramado e nas entrevistas divide opiniões. Abel é intenso, enérgico, combativo, características comuns em técnicos de elite, como Bernardinho, lendário treinador do vôlei brasileiro, Muricy, Telê Santana, Luxemburgo... A linha entre paixão e explosão, no entanto, é tênue. Se por um lado sua entrega cativa e inspira o elenco, por outro, reações exacerbadas, críticas públicas e declarações inflamadas nem sempre contribuem para um ambiente mais sereno, especialmente em momentos de pressão.

Hoje, apesar de seu histórico de conquistas, há uma parte da diretoria do Palmeiras que já não vê Abel Ferreira com bons olhos e defende sua saída. Parte da torcida, antes incondicional, também manifesta insatisfação. Mas será que, de fato, a “Era Abel” chegou ao fim? Será que o torcedor esqueceu a dura realidade do passado recente do Palestra Itália? Os anos de vacas magras, com centro de treinamento sem energia elétrica, salários atrasados, estrutura precária e um clube à deriva? O futebol é fascinante justamente pelas suas voltas inesperadas, rivalidades, conquistas, derrotas e histórias de superação.

O Palmeiras dos últimos anos sob o comando de Abel nunca foi um time recheado de craques. Foi, sim, um elenco composto por bons jogadores, potencializados por um treinador com capacidade de extrair o máximo de cada um. A força desse ciclo vitorioso está justamente na solidez coletiva e no comprometimento do grupo. Reflexo direto do comando técnico que, representa também a consolidação de uma cultura vencedora, profissional e resiliente.

Entre as referências que moldam a filosofia de Abel, uma se destaca de maneira especial: Telê Santana. Ícone do futebol brasileiro, Telê influenciou gerações e é citado como inspiração por técnicos como Pep Guardiola e Jürgen Klopp, e também por Abel. Em campo, o esquema mais utilizado por seus times é o 4–2–3–1, além do 3–5–2. É comum observar uma construção de jogadas com uma linha de três no campo defensivo (dois zagueiros e o lateral-direito), o que permite ocupar o campo do adversário com organização. Dois volantes ficam responsáveis por acelerar a transição ao ataque, onde cinco jogadores se posicionam para gerar superioridade numérica.

Na fase defensiva, os times de Abel costumam atuar com duas linhas de quatro, pressionando a saída de bola adversária. Já em sua passagem pelo PAOK, da Grécia, o treinador adotava em algumas situações uma linha de cinco defensores, priorizando a compactação. Trata-se de um treinador versátil, que estuda o adversário e adapta o time de acordo com as circunstâncias, sempre com foco no resultado.

Foto Reprodução:(Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Esse é o Abel: estudioso, competitivo e temperamental. Um técnico que, com virtudes e imperfeições, elevou o patamar do Palmeiras. Ser técnico de um gigante exige mais do que conhecimento tático; exige equilíbrio emocional, inteligência situacional e resiliência. Talvez o maior desafio de Abel, neste momento, não seja conquistar mais um título, mas sim reencontrar o equilíbrio em meio à pressão, sem deixar que o fogo da cobrança consuma o que ele próprio ajudou a construir.

Abel Ferreira, com todos os seus méritos e imperfeições, ainda tem muito a oferecer. Resta saber se o clube, a torcida e ele próprio estão dispostos a escrever mais um capítulo dessa história, ou se chegou, de fato, a hora de virar a página.

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